Hoje a história cidadã vem de Lisboa para desvendar os segredos de uma vida às escuras: Lisa Marques, portuguesa que perdeu a visão aos 43 anos de idade é administradora, experiente em áreas diversas e demonstra que a perda da visão não foi motivo para desistir de sua autonomia na cozinha, cuidando da sua filha e trabalhando na área de gestão em empresas e hoje atua em associação para reabilitação de pessoas com deficiência visual em Portugal.
Residente em região repleta de praias, Lisa passa despercebida por pessoas que a vêm com seu cão guia, o Campeão, companheiro inseparável da portuguesa há cinco anos. Mas a luz dos olhos sofreu um apagão aos 43 anos de idade, após almoçar percebia que os objetos sumiram e sem explicação médica até os dias de hoje, sonha em um dia voltar a enxergar.
“Nunca me disseram o motivo e sempre falam que meus olhos são normais, o que pode ser uma esperança para um dia voltar a ver novamente. Hoje cozinho, percebo a textura dos alimentos e sei preparar um bacalhau muito bom, modéstia parte, mas temos que ter bastante cuidado na hora de colocar a comida no fogão, experiência que já tinha antes da perda da visão e com uns truques aprendi a saber o tempo de fritar um peixe, fazer a comida em casa”, explicou a portuguesa, ao blog “Com Novo Olhar”.
A aceitação e o amor da família, fizeram que em alguns meses Lisa Marques fosse em busca de novas conquistas dentro e fora de casa. Trabalhou em empresas de vários setores e chegou ao posto de gerente em uma empresa de eventos de empresário brasileiro, mas ela revela os segredos que fazem do ofício de motivar pessoas para seguirem na vida com sua atual função, a de motivar pessoas a seguirem na vida e não desistirem de seus sonhos independente da limitação visual.
“Sempre chegam cegos que estão acostumados a serem coitadinhos, acreditarem que não podem ser capaz de trabalhar, estudar e demonstro que eles precisam ter força e determinação. Quando perdi a visão perdi muitos amigos. Recordo-me de gente que ao me ver com minha filha do jardim de casa, fechava as portas e as que frequentavam minha casa não apareciam mais pois diziam que não queriam atrapalhar, mesmo eu convidando para almoço ou jantar. Certa vez um amigo de meu marido disse que estava com pena dele pois eu passei a ser um fardo na vida dele, fato que nunca aconteceu e nós sempre fizemos nossas tarefas, trabalhamos e levamos uma vida normal. Mas para tal tem que ser forte, hoje tenho novos amigos que me aceitam como eu sou, nunca os vi e não sei como são bem fisicamente, mas me aceitaram e nunca questionam o fato de eu ter um problema de visão, não enxergar com a luz do dia, mas sentir a luz da energia de cada um”, ressalta Lisa, com ar de certa tranquilidade ao lembrar do passado e revelar a vida com a familia, abrir as portas de sua casa para demonstrar a vida em Lisboa.
Pontos turísticos portugueses, museus com acessibilidade e calçadas com e sem desníveis demonstram avanços no olhar inclusivo, seja no mercado de trabalho, nas oportunidades de seguir na vida e nas três importantes associações destinadas para pessoas com deficiência visual, além do desenvolvimento de aparelhos a exemplo da bengala com sensor de buracos, produzida na Associação Portuguesa de Pessoas com Deficiência Visual de Portugal, embora seja preciso que as pessoas com deficiência não deixem desanimar e sigam em busca de seu espaço na sociedade, seja em Portugal, no Brasil ou no mundo tem obstáculos nas calçadas.
Obrigada, adorei.
Da filha da Lisa.
CurtirCurtido por 1 pessoa