Acordar cedo, sair da cidade onde mora em Nossa Senhora do Socorro até a capital Aracaju onde trabalha desbravando caminhos diariamente, contando com a sorte e sua força interior, faz parte da rotina desse pedagogo que desde jovem nunca se deixou abater pelas dificuldades do cotidiano. Pai da pequena Raquel (7 anos) e de Ravi José, que prestes há completar dois meses de vida deixou este mundo na madrugada do dia 5 de fevereiro do corrente ano, deixando-o muito triste.
“Lembro de meu filho diariamente, por conta de uma obstrução intestinal, meu Ravi e eu fomos encarar a maratona de hospitais públicos, chegando até o setor de trauma, passando pela cirurgia arriscada e infelizmente não chegou ao terceiro dia de pós-operatório, dormiu para sempre. Esta dor é revoltante, por saber que passamos seis dias recorrendo aos hospitais onde foram vários diagnósticos e a demora em tomar uma atitude correta fez com que ele agravasse”. Relata Welington com tristeza.
Arregaçar as mangas e sair em busca de oportunidades em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, levou este cidadão a se graduar em pedagogia, especializar-se em teologia e acumular bagagem para capacitar outros professores no ensino do sistema Braille e soroban, ferramentas essenciais na alfabetização e na habilidade de alunos cegos nas operações matemáticas.
Da juventude aos tempos atuais, Wellington é habilidoso, guerreiro, sempre procurou maneiras distintas e criativas de levar o pão de cada dia para casa. Com o artesanato ele busca uma forma de terapia, já foi corredor de maratonas e ganhou diversos troféus e medalhas, e contou com o auxilio do seu amigo e guia Elizeu, que o auxiliava nas competições.
“Certa vez estava me recuperando de uma lesão no joelho, resultado de uma queda por conta de uma calçada esburacada em Aracaju, quando voltei a competir. Estava nas últimas colocações mas a inspiração de conquistar a prova e levar o troféu para minha filha me fez esquecer as dores no joelho operado e fomos das últimas posições até chegar em primeiro. Emocionante foi ver a torcida e Elizeu me estimulando para lutar, não deixar a dor falar mais alto e me mostrar que não há barreiras para nossos sonhos”, relata com saudade das provas e das corridas que participava.
O GPS na mente, a bravura para sair de casa com sua bengala e buscar nas oportunidades de trabalho o sonho de uma vida melhor para sua família, faz Welington encara a vida “Com Novo Olhar”, estudar para concursos, entregar currículos e seguir embusca de oportunidades que a vida lhe mostra para sonhar com dias melhores, onde ele possa proporcionar conforto familiar através do suor de seu trabalho.
“Temos sempre que nos capacitar, incentivo aos meus colegas e sei que nos tempos de hoje nada está fácil. Minha filha é minha razão de vida e meu filho está em meu coração, na saudade que ficou, nas lagrimas que não consigo esconder, nos desafios para um dia ter minha casa em um bom lugar, em que eu possa ter paz e fugir do medo da violência que me toma o coração todos os dias”. Ressalta Wellington Santos, que sai diariamente em busca de um lugar ao sol.