
Fonte: Arquivo Facebook
Tempo de festejos juninos e nada melhor que viver no “País do Forró”, para entrar neste arraiá em “Com Novo Olhar”. Se tem muita festança fogueira e comilança a dança fica por conta da sanfona de Evanilson Vieira, que apesar da deficiência visual encontra na música uma forma de ganhar a vida.
“Minha vida é andar por este país(…)” (A Vida do Viajante de Luiz Gonzaga). Foi o que fez o sergipano de Simão Dias que saiu de casa aos 12 anos para estudar piano em um instituto para cegos em Salvador. Aos 18 anos retornou à cidade natal onde iniciou as primeiras tocadas juntamente com seus irmãos, em trio pé de serra, seguindo nas bandas Tribus e grupo Toque Musicais, até chegar a Aracaju em 1997, estudar na Oficina de Artes Valdice Teles, onde mais tarde se tornou professor de sanfona, sendo esta adquirida quando trabalhava vendendo alimentos e tocando em eventos que fazia junto com bandas pelo interior de Sergipe.
Com deficiência visual desde o nascimento, nunca desanimou e sempre foi em busca da tão sonhada carreira artística, viajou por várias cidades do país com a banda Xote Baião, onde ficou de 2002 até 2013. Foi à frente da Orquestra Sanfônica de Sergipe, montada desde 2007 até os dias de hoje, que chegou ao palco do programa Altas Horas, da Rede Globo, ao lado do saudoso Dominguinhos e da cantora Claudia Leite.
Levando uma vida simples e feliz com sua profissão de músico, o sanfoneiro teve a oportunidade de passar por quatro procedimentos cirúrgicos oculares tentando buscar uma solução para o glaucoma, doença que o acometia. Aos 43 anos, obteve melhora na visão que proporcionou ao músico enxergar sombras e vultos, e a satisfação de conseguir conferir os cachês que recebia depois dos shows, sem a necessidade da ajuda de terceiros, embora isso só ocorra quando aproxima as cédulas dos olhos.
Evanilson fez do seu talento musical uma oportunidade para outras pessoas com deficiência visual, quando esteve à frente do coral “Terceira Visão”, da Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise), onde foi presidente por dez anos, realizando eventos e apresentações do coral, fazendo o diferencial na vida de muitos outros deficientes visuais.
– Foi uma luta seguir com minha baixa visão, mas a audição apurada me ajudou a desenvolver a minha carreira musical. Hoje estou à frente da Orquestra Sanfônica. Somos 12 sanfoneiros, três percussionistas e um baixista tocando este projeto que é uma realização de todos nós. Já toquei em bandas de axé com o teclado, toco acordeom, mas o que me faz realizado é estar sempre envolvido no meio musical e garantindo a animação das pessoas independente do instrumento musical – explica Evanilson, em entrevista para “Com Novo Olhar”.