Perder a visão não é passar por um processo de luto eterno, mas sim um recomeço das atividades da pessoa com deficiência, o que inclui aprimorar técnicas como o uso da bengala, despertar outros sentidos e no meu caso, me preparar para trabalhos técnicos na Divisão de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação (DIEESP/SEED). Para isso, viajamos e enchemos a bagagem de novos conhecimentos técnicos. Essas novidades iremos apresentar no blog “Com Novo Olhar”. Vamos juntos conhecer mais sobre esta semana de trabalho no Rio de Janeiro (RJ), também conhecida como cidade maravilhosa?
“Pai, mãe vou fazer minha primeira viagem de trabalho”, foi dessa forma que comuniquei a viagem aos meus pais. Novidade não foi, já que desde 2017 enfrentei vários desafios embarcando sozinho para viagens pelo Brasil. Conhecer pessoas especiais que marcaram esta trajetória em uma busca intensa “Com Novo Olhar”. Desta vez viajei acompanhado, tive a companhia da equipe de trabalho do Núcleo de Deficiência Visual da SEED/DIEESP), José Wellington Santos e Anatércia Silva Santos.
Semana intensa de trabalho e aprendizado no curso de Orientação e Mobilidade no Ambiente Escolar, a Casa da Inclusão foi nosso abrigo e a sala de aula do Instituto Benjamin Constant (IBC) ponto de encontro para conhecer a realidade da estimulação entre alunos e profissionais da educação inclusiva nas demais cidades brasileiras.
Colegas de curso, laços de amizades criados e encontros futuros já marcados fizeram parte do aprendizado. Três colegas com deficiência visual a oportunidade em ensinar e aprender conosco, como aconteceu na experiência sensorial em que nossas colegas de Minas Gerais nos guiaram, tiraram fotos e vídeos em que José Wellington Santos deixou sua marca e levou para mostrar a filha, Raquel de dez anos que ligava ansiosa a todo momento.
– Aprendi muito, mas muito mesmo, mais do que se eu ficasse apenas olhando vocês. O passeio do museu foi ótimo, conversar com vocês mais ainda. Adquiri um livro seu e estou amando a leitura, fico muito feliz e agradecida por ter apresentado o livro Historias de Baixa Visão, em que levo para minha cidade – ressaltou Keila Marques, professora de Minas Gerais.
Mas além de vídeos, conteúdo em sala de aula os colegas passaram por algumas vivências, como ter os olhos vendados, dessa forma, aprenderam na prática técnicas que os deficientes visuais já vivenciam diariamente e outras que complementam o repertório de conhecimentos pra ganhar o mundo, sair nas ruas, conquistar a tão sonhada autonomia driblando barreiras em ambientes internos e externos.
Foram horas de verdadeira integração. Os colegas ajudavam na hora do almoço, faziam questão de ter nossa companhia nas atividades e tanto o sergipano José Wellington Santos quanto a curitibana Neiva Dias ensinavam e aprendiam conosco, demonstrávamos as diferenças e os desafios. Um bom exemplo de desafio foi o que viveu José Wellington, pessoa cega que foi sozinho até à casa de parentes na Baixada Fluminense (RJ), fato que deixou todos espantados, mas orgulhosos de sua bravura.
Gratificante mesmo foi plantar cada sementinha de inclusão na vida destes profissionais da educação, ouvir histórias, participar das atividades, aprender com as aulas da professora Valéria Augem, supervisora e professora do IBC.